sexta-feira, 13 de março de 2009

Uns mais iguais que os outros

Publico neste espaço um texto do brother Janquiel Mesturini. Faz tempo que pedi um escrito seu eis que nessa semana apareceu bem ao seu estilo.


Se um dia disserem que 2 + 2 é igual a 5, por favor, acredite. Sim, porque na verdade além de 2 + 2 ser igual a cinco, aviões novos são para o bem da população e recessos parlamentares de dois meses não são férias, já que os legisladores trabalham durante este período. Sim, porque vereadores são diferentes, o atendimento a população sempre continua.

Além disso, maçãs apenas para os porcos não são benefícios, mas sim a recompensa justa pelo esforço administrativo na Fazenda dos Bichos. O mesmo ocorreu com a cerveja, produzida a partir da cevada que era plantada no local que deveria servir para os bichos da fazenda já aposentados dormirem.

Sim, 2 + 2 é sim igual a cinco. Fomos nós, os porcos da outrora Solar quem dissemos e promulgamos esta lei. Quem não entender que isso também é pelo bem da sociedade em que vivemos e pela continuidade administrativa da nossa grande nação será lançado aos porcos.

Foi George Orwel, em a Revolução dos Bichos – onde estava a fazenda anteriormente citada, quem nos ajudou a entender tais lógicas de governo. Na verdade, é esta a lógica das dificuldades burocráticas existentes nas mudanças institucionais. É esta mesma lógica que rege a problemática da redução de recessos e das explicações em torno destes recessos.

São as lógicas dos objetivos acima dos debates. São as lógicas da intelectualidade democrática. São as lógicas dos consensos, da unanimidade. São as lógicas de todas as justificativas possíveis para que os objetivos ocultos sejam, enfim, alcançados. Na verdade, como sempre o são.

A diferença entre os dias modernos e os dias comunistas de outrora, combatidos indiretamente pelo propagandeamento dos escritos de Orwel, é que agora estamos atônitos, insensíveis. Agora assimilamos, também enfim, a modernidade.

E como destacaria o poeta e crítico francês Charles Baudelaire, ainda na década de 1860, o que é a modernidade se não o “o fervilhamento no meio do grande fluxo de pessoas e paisagens, o delicioso mas deprimente anonimato no seio da multidão, a impossibilidade de assimilar todas as imagens e todas as informações, a afetação de tédio diante do desconhecido ou inesperado”. Pois é exatamente isso o que aconteceu com a sociedade moderna. Nós, juventude mais que moderna, estamos atônitos frente o desconhecido e inexplicável sistema democrático que criamos. Estamos deprimidos em meios ao caos, em meio a massa.

Agora, ainda enfim, sabemos que, definitivamente, são todos iguais, mas uns realmente mais iguais que os outros, ainda relembrando Orwel. E quando nos dermos conta estarão novamente os porcos sendo confundidos com humanos e assim por diante, em uma mesa repleta de bebida, cigarros, alguns jogos e belas mulheres. Aliás, já o estão.

Audiências sobre caso de tortura iniciam no final de março

A Justiça de Flores da Cunha agendou para o final de março as audiências instrutórias com as vítimas, testemunhas e réus do processo de suspeita de crime de tortura e agressões a jovens em 2007.

Entre os dias 23 e 26 serão ouvidas as seis vítimas (dia 23), as 20 testemunhas de acusação (24 e 25), 11 testemunhas de defesa (26) e o interrogatório dos 15 réus.

No processo, serão ouvidas através de carta precatória as 59 testemunhas de 11 cidades como Caxias do Sul, Antônio Prado, Farroupilha, São Gabriel, Uruguaiana, Passo Fundo, Carazinho, Canoas, Osório e Porto Alegre, no Estado. Além de Criciúma, em Santa Catarina.

Policiais militares de Flores da Cunha, Caxias do Sul e Farroupilha são suspeitos de terem cometido tortura em adolescentes após o assassinato do sargento Luiz Ernesto Quadros Mazui, 42 anos, no dia 27 de dezembro de 2007.

Os trabalhos serão conduzidos pela juíza de Flores da Cunha, Dra. Tânia Buttinger.